Recentemente,
a novela da Rede Globo “O Outro Lado do Paraíso” exibiu no dia 27 de março,
uma cena em que o médico Samuel (interpretado por Eriberto Leão) diz à
personagem Karina (Malu Rodrigues), após seu parto, que ela não tem leite
suficiente. Ele então afirma que sua mulher, a enfermeira Suzy (Ellen Rocche),
pode amamentar o bebê em seu lugar. Isso
gerou
uma forte reação de sociedades médicas e de enfermagem, por considerarem que
houve disseminação de informações incorretas e perigosas sobre amamentação.
A
amamentação cruzada era muito comum no passado, com as chamadas “amas de
leite”. É a pratica de mães que amamentam filhos de outras que apresentam
alguma dificuldade com o aleitamento. Essa atividade é totalmente criticada
pela Organização Mundial de Saúde, pois traz diversos
riscos ao bebê, podendo transmitir doenças, infecto-contagiosas.
O perigo é o bebê ser contaminado por uma doença
infecto–contagiosa, como a Aids, que é uma doença crônica grave e ainda sem
tratamento absoluto, sem cura. Por exemplo, se uma mãe tiver hepatite B em
atividade, e doar leite a outro bebê, que não tenha ainda as doses da vacina
suficientes (ou seja, não está totalmente imunizado), ela poderá passar a
doença para a criança, através do leite materno, em caso de sangramento do
mamilo por trauma mamilar. Essa atividade deixou de ser indicada em 1985
com o advento das campanhas contra a AIDS.
Caso a mãe não consiga amamentar, a primeira orientação
é buscar ajuda junto ao seu médico, pediatra ou a unidade onde teve o seu filho.
Caso não consiga nenhum auxílio, a mulher pode procurar um Banco de Leite
Humano (BLH). No Brasil existe cerca de 218 bancos de leite humano. Em nossa cidade o Banco de Leite Humano,
encontra-se instalado junto ao Hospital Municipal de Itapira. Os especialistas
afirmam que um bebê pode receber o leite de outra mulher, desde que ele tenha
passado por um processo de controle de qualidade e pasteurização, algo que só
acontece nos bancos de leite.
Ou seja, tem
uma diferença entre o leite fornecido diretamente pela amamentação cruzada com
aquele encontrado nos bancos de leite uma vez que ele passa por diversos
tratamentos antes de ser oferecido ao bebê.
A amamentação cruzada acontecia muito e ainda acontece
entre comadres, vizinhas e parentes. Com a propagação da aids e a descoberta de
que a doença é transmitida pelo leite materno, as orientações mudaram. Pode
parecer um ato de amor e solidariedade, mas é perigoso e não é recomendado.
Como exemplo das doenças que podem passar para o bebê pela amamentação temos:
AIDS, hepatite B e C, citomegalovírus, HTLV, mononucleose, herpes, sarampo,
caxumba, rubéola, entre outros.
Mesmo que a outra mulher, a suposta mãe-de-leite, tenha uma aparência
saudável, ela pode estar com alguma doença assintomática e por isso a amamentação
cruzada continua sendo contra-indicada. Mas se a própria mãe do bebê apresentar
alguma destas doenças, o pediatra poderá orientar se a amamentação pode ser
feita ou não.
Vale ressaltar também que não existe “leite fraco”. Isso é um mito. O que existe são momentos em que a mãe pode estar produzindo menos
leite, algumas vezes por falta de estímulo adequado. A amamentação deve ser a
alimentação exclusiva de bebês até os seis meses de idade e a sua pratica traz
benefícios enormes para a vida futura do recém nascido.
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