O tema que vou descrever hoje, é discutido desde 1984, entre
as lideranças mundiais no setor da saúde, foi neste ano que a Assembléia
Mundial de Saúde, solicitou ao Diretor de Organização Mundial de Saúde (OMS) a
realização de um encontro de especialistas incluindo governos, indústrias
farmacêuticas e organizações de pacientes e/ou consumidores para discutir o Uso
Racional de Medicamentos, implementar conhecimento e o fluxo de informação
sobre o tema e discutir práticas de marketing a esse respeito.
Esse encontro recebeu o nome de Conferência de Especialistas
em Uso Racional de Medicamentos, foi realizado no Quênia, no período de 25 a 29
de Novembro de 1985. A OMS em 1987 publicou um texto com as conclusões dessa
reunião. No texto está introduzido o conceito Uso Racional de Medicamentos e
apresentam as propostas e estratégias para alcançá-las.
No Brasil, a Política Nacional de Medicamentos conceitua
como Uso Racional de Medicamentos: “Processo que compreende a prescrição
apropriada; a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis; a dispensação em
condições adequadas; e o consumo nas doses indicadas nos intervalos definidos e
no período de tempo indicado de medicamentos seguros, eficazes e de qualidade.”
Feito as definições e conceitos do tema, vou direto ao
assunto, ainda não caminhamos muito no sentido desde então, muito já foi feito,
mas tem muito por fazer. Prescritores, governos, farmácias, pacientes e a imprensa
leiga no assunto precisam de mais informações sobre o que é Uso Racional de
Medicamentos.
É de suma importância fazer uso de prescrições racionais,
conceituada com prescrição de medicamentos indispensáveis, nas quantidades
necessárias para alcançar os resultados desejados no tratamento das doenças e
dos sintomas dos pacientes, em outras palavras, ninguém deve ficar sem remédio,
mas não deve manter estoque em casa dos mesmos, isso gera automedicação,
intoxicações, e principalmente custos para o usuário e para o sistema público
de saúde que tem que arcar com o ônus da sobra de medicamentos que não estão
sendo usados. Quando alguém estoca na sua casa, outro alguém carece, padece e
pode até vir a morrer pela falta do mesmo.
A utilização
inadequada de medicamento apresenta-se
como um sério problema de saúde pública que se relaciona com a existência de
associações irracionais de fármacos. O direito à saúde, instituído pela
constituição brasileira, evidencia os medicamentos como componentes essenciais
e estratégicos, sujeitos à influência de muitos fatores que vão de aspectos
relacionados ao seu desenvolvimento até o uso na terapêutica. Estima-se que a
prescrição incorreta possa acarretar gastos de 50 a 70% mais altos dos recursos
governamentais destinados a medicamentos e dados da OMS mostram que mais de 50%
das prescrições são inapropriadas
Outro assunto que gosto de destacar quando falo de Uso
Racional de Medicamentos é a Educação dos pacientes e consumidores. Campanhas
de Educação em Saúde, que visem reduzir o uso indiscriminado de medicamentos,
mudanças de hábitos e estilo de vida, tiveram uma queda nos últimos anos, a
prática que começou forte foi caindo, e mais uma vez o governo federal deixou
de lado a Educação em Saúde, como foco na prevenção de doenças e usou seus
recursos na medicina curativa, quando a pessoa já está doente.
Só vamos conseguir êxito na diminuição de gastos públicos
com medicamentos, quando estabelecermos políticas que reforcem programas de
medicamentos essenciais, dando prioridade ao que mais necessitam e convencermos os profissionais da saúde da
importância do Uso Racional de Medicamentos.
Para melhorar a qualidade de informações para o público é
responsabilidade do governo e das organizações não governamentais garantirem informações visando à educação dos
consumidores, proverem informações relevantes e equilibradas sobre saúde,
incluindo medicamentos. É necessário que
sejam compartilhadas responsabilidades entre governo, público e o privado,
visando urgentes campanhas em Educação
em Saúde.
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