Medicamentos e álcool é uma combinação que merece
muita atenção, não é mito e esta associação pode causar danos irreversíveis.
Os riscos causados pela interação entre álcool e
medicamentos são amplamente conhecidos, no entanto um estudo publicado no
jornal científico “Molecular Pharmaceutics” provou que ingerir bebida alcoólica
enquanto há uso de medicamentos pode ser mais perigoso do que se imagina. O
autor do estudo, Christel Berstrom, destacou que o álcool pode alterar a
interação de enzimas e de outras substâncias corporais quando entra em contato
com ao menos 5 mil medicamentos disponíveis no mercado, vendidos com ou sem prescrição
médica, interferindo em sua potencialidade. Estes dados foram disponibilizados
pelo Conselho Regional de Farmácia de São Paulo e está sendo base deste texto.
Além disso, de acordo com os pesquisadores, o álcool
pode ainda dissolver resíduos de medicamentos no organismo, que podem
representar até três vezes a dose original de medicamento. Alguns medicamentos
não se dissolvem totalmente no trato gastrointestinal – especialmente no
estômago e no intestino. Os pesquisadores testaram então se com o álcool, essas
drogas poderiam se dissolver mais facilmente e descobriu-se que a combinação
intensificava o efeito do medicamento.
Foram testados 22 medicamentos e 60% deles
apresentaram mostras que teriam os efeitos superdimensionados. Alguns tipos de
substâncias, principalmente as ácidas, são as mais afetadas – como o
anticoagulante varfarina, o tamoxifeno, usado para tratamento de cânceres e o
naproxeno, responsável por aliviar dores e inflamações.
Abaixo cito algumas das interações medicamentosas mais
comumente ocorridas (existem muitos outras, além destas) e seus danos:
Álcool e dipirona: O efeito do álcool pode ser potencializado.
Álcool e paracetamol: Aumenta o risco de hepatite medicamentosa.
Álcool e ácido
acetilsalicílico: Eleva-se o risco de sangramentos no estômago. O
acetilsalicílico irrita a mucosa estomacal, o que seria um leve transtorno pode
ser potencializado pelo álcool.
Álcool e
antibióticos: Essa
associação, especialmente com alguns tipos de antibióticos, pode levar a
efeitos graves do tipo antabuse (o acúmulo desta substância tóxica causa
efeitos como vômitos, palpitação, cefaleia (dor de cabeça), hipotensão,
dificuldade respiratória e até morte). Por exemplo: Metronidazol;
Trimetoprim-sulfametoxazol, Tinidazole, Griseofulvin. Outros antibióticos como
cetoconazol, nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida também não
devem ser tomados com álcool pelo perigo de inibição do efeito e
potencialização de toxicidade hepática.
Álcool e antiinflamatórios: Aumentam o risco de úlcera gástrica e sangramentos.
Álcool e
antidepressivos: Aumentam
as reações adversas e o efeito sedativo, além de diminuir a eficácia dos
antidepressivos.
Álcool e calmantes
(ansiolíticos): Ansiolíticos
(benzodiazepinas): Aumentam o efeito sedativo, o risco de coma e insuficiência
respiratória.
Álcool e inibidores
de apetite: O
uso concomitante com os supressores de apetite não é recomendado visto que pode
aumentar o potencial para ocorrer efeitos sobre o SNC, tais como: tontura,
vertigem, fraqueza, síncope e confusão.
Álcool e insulina: Pode gerar hipoglicemia, pois o álcool inibe a
disponibilidade de glicose realizada pelo organismo, portanto a alimentação
deverá ser bem observada, pois com o álcool a única disponibilidade de glicose
vem das refeições; vale ressaltar que também pode causar efeito antabuse. Uso
agudo de etanol prolonga os efeitos enquanto que o uso crônico inibe os
antidiabéticos.
Álcool e
anticonvulsivantes: Aumentam
os efeitos colaterais e o risco de intoxicação enquanto que diminui a eficácia
contra as crises de epilepsia.
Apesar de algumas literaturas mencionarem que em doses moderadas é seguro o consumo
de etanol com alguns fármacos, o correto é recomendar a abstinência alcoólica
total no período de tratamento com medicamentos. Os riscos nunca devem ser
descartados completamente, pois dependem da dose de álcool, sexo, peso
corporal, idade, estado fisiológico e da sensibilidade de cada indivíduo.
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