A
FUGA DOS CONSULTÓRIOS E HOSPITAIS
A
pandemia da covid-19 levou à interrupção de cuidados médicos cujas
consequências também poderão ser de grandes proporções, alerta a Organização
Mundial da Saúde (OMS). A partir de informações coletadas em 155 países, a
agência das Nações Unidas constatou que pacientes estão deixando de lado o
tratamento e a prevenção de doenças crônicas. Sem uma emergência sanitária,
essas enfermidades irão aumentar o número de óbitos no planeta. O surgimento e
a disseminação do novas cepas do coronavírus tendem a piorar o cenário,
lembrando que diabéticos, hipertensos e outros doentes crônicos são mais
vulneráveis ao Sars-CoV-2.
Os
resultados de uma pesquisa publicada semana passada confirmam o que estamos
ouvindo há várias semanas, muitas pessoas que precisam de tratamento para
doenças como câncer e diabetes não têm recebido os serviços de saúde e
medicamentos necessários. É vital que que encontrem formas inovadoras de
garantir a continuidade desses serviços essenciais no mundo todo alerta o
diretor-geral da entidade. Os hipertensos são os mais desassistidos: 53% dos
países investigados interromperam parcial ou integralmente o tratamento da
doença. Em seguida, vêm o diabetes (49%), cânceres (42%) e emergências
cardiovasculares (31%). A pesquisa tem nível mundial e não destaca os valores
de um País somente, mas serve como base para acreditarmos como estamos no
Brasil.
Dentre as milhares de reverberações que a pandemia do
coronavírus trouxe, estão o atraso no diagnóstico e a interrupção de
tratamentos de saúde no geral, inclusive em casos de câncer –
o que, segundo especialistas, pode contribuir para o agravamento das
enfermidades. Isso acontece porque, além da situação de crise e sobrecarga dos
sistemas público e privado de saúde, com o distanciamento social, a frequência
de consultas médicas, em oposição ao número de casos de pessoas que correm aos
pronto-socorros com sintomas de Covid-19, diminuiu significativamente.
Seja pelo
cancelamento de sessões planejadas durante o tratamento, pela diminuição de
transporte público disponível ou pela falta de profissionais que foram
remanejados a fim de conter a sobrecarga no sistema de saúde, os pacientes que
estão com receio de continuar seus tratamentos nesse momento precisam estar
conscientes de que qualquer tratamento só funciona com uma parceria entre o
sistema de saúde e o próprio paciente, que contribui de forma indispensável
para o sucesso da terapia.
A Sociedade Brasileira
de Cardiologia (SBC), declarou que o número de mortes por doenças
cardiovasculares cresceu até 132% no Brasil durante a pandemia. As doenças do
sistema cardiovascular já figuravam entre as principais causas de mortes em
todo o mundo.
A redução das atividades físicas, mudanças na alimentação e fuga as
consultas médicas foram fatores que trouxeram consequências para as pessoas que
vivem com diabetes no Brasil, 59% dos diabéticos tiveram variação na glicemia,
indicador importante para o controle da diabetes, durante o período da
pandemia, isso trará consequências a longo prazo para as complicações crônicas
relacionadas à diabetes, sejam cardiovasculares, renais ou
oftalmológicas. Assim,
manter-se em dia com sua saúde e com os tratamentos necessários para pacientes
que fazem acompanhamento médico por conta de doenças crônicas ou patologias
graves é substancial e imprescindível. Tanto para que a doença em si não avance
e cause problemas mais sérios, quanto para que o sistema imunológico se
fortaleça, tornando a pessoa menos vulnerável à Covid-19.
O que antes era símbolo de cuidado e segurança, agora é quase que um
sinônimo de medo. Porém, as equipes do hospitais vem construindo formas de
alertar os pacientes – e possíveis pacientes, sobre a importância de não
desistirem dos tratamentos e continuarem procurando prevenção.
É importante esclarecer a população de que as doenças crônicas não podem
ser deixadas de lado, os pacientes precisam continuar indo às suas consultas,
com cuidados redobrados pela pandemia, mas sem deixar de seguir o tratamento
recomendado.
Comentários
Postar um comentário