INTERRUPÇÃO
DE ANTIDEPRESSIVOS E ANSIOLÍTICOS
Ao tomar um remédio psiquiátrico, ele promove
mudanças neurofisiológicas as quais o cérebro se adapta. Se o paciente
interrompe abruptamente o uso da medicação psiquiátrica, especialmente
antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos, pode desencadear sintomas de
retirada, ou síndrome de descontinuação, também chamada de síndrome da
privação.
Os
antidepressivos ajudaram milhões a aliviar a depressão e a ansiedade e são
considerados um marco no tratamento psiquiátrico. Muitas pessoas, talvez a
maioria, param de tomar os medicamentos sem apresentar problemas
significativos. O uso a longo prazo, porém, é o resultado de um problema não
antecipado e crescente: muitas das pessoas que tentam parar afirmam que não
conseguem por causa dos sintomas de abstinência sobre os quais elas nunca
haviam sido avisadas.
O Brasil é o país da América
Latina que mais sofre com doenças mentais. Estudos feitos pela Organização
Mundial de Saúde (OMS)
indicam que 5,8% dos brasileiros sofrem de depressão e estima-se que 20% da
população teve, tem ou terá a doença. Além disso, 19,4 milhões de pessoas
sofrem de ansiedade – o que deixa o Brasil no topo do ranking de países mais
ansiosos do mundo. Com isso, o consumo de remédios antidepressivos também é
alto, sendo preciso prestar atenção às consequências desse consumo.
Por ser um tratamento delicado e
com consequências sérias para o corpo e a mente, o acompanhamento com um
profissional é indispensável. Isso envolve, inclusive, a decisão por parar de
utilizar o medicamento. O paciente não pode considerar sozinho que já está bem
o suficiente e interromper o tratamento. Isso deve ser feito no momento certo,
com calma e de forma orientada para evitar os efeitos colaterais.
O principal problema em
parar abruptamente de utilizar o antidepressivo sem recomendação médica é a
grande possibilidade de o paciente sofrer de abstinência. A suspensão da droga
desencadeia uma série de sintomas psicológicos e orgânicos, que afetam ainda
mais a saúde da pessoa.
O ansiolítico, entre eles os
benzodiazepínicos também causam problemas de descontinuação a chamada “síndrome
de abstinência aos benzodiazepínicos” variam grandemente entre os usuários,
dependendo do tempo de uso, sintomas ou sinais que demandaram a sua prescrição,
dose utilizada, aspectos farmacológicos do benzodiazepínico utilizado,
características da personalidade do usuário, uso concomitante de outras
substâncias ou mesmo de outros medicamentos.
Muitas vezes, as medicações
benzodiazepínicas são mantidas por períodos longos de tempo (superior a 06
meses), e a retirada deverá, então, ser feita de forma lenta ou gradual. Alguns
pacientes usuários crônicos dessas substâncias vão demonstrar os ditos sintomas
da síndrome de abstinência “aguda” ou mesmo da síndrome de abstinência “crônica
ou protraída.”
E o surgimento da
síndrome de abstinência é rápido tanto nos antidepressivos como nos ansiolíticos.
Para se ter uma idéia, entre 24 horas e
72 horas da interrupção do tratamento (antidepressivo) – quando os inibidores
da recaptação da serotonina são descontinuados – já é possível detectar os
sintomas, os mais comuns são: Neurológicos
- tonturas e vertigens; falta de coordenação motora; tremores; alteração
da sensibilidade da pele; dores de cabeça. Psiquiátricos - insônia; variações constantes no humor; choros
sem motivo; ansiedade. Somáticos
- fadiga; calafrios; dores musculares; congestão nasal. Gastrointestinais – náuseas; vômitos;
mudanças do hábito intestinal. Diante do quadro, o tratamento para a
abstinência envolve retomar imediatamente o uso do medicamento. Os resultados
costumam aparecer logo nas primeiras 24 horas, trazendo alívio para o paciente.
Ainda não há muitos estudos sobre como deve ser a retirada segura de
antidepressivos, mas de acordo com o estudo feito no Japão, 78% dos pacientes
que tentaram parar com o uso de paroxetina tiveram sintomas de abstinência, mas
apenas 6% apresentaram os mesmos sinais quando houve a redução em um período de
nove meses a quatro anos. Na Holanda, chegaram à mesma conclusão com quem
utilizava paroxetina ou venlafaxina: cerca de 70% dos pacientes apresentaram
abstinência quando houve uma interrupção imediata e a taxa foi reduzida quando
o “desmame” foi mais gradual.
Com relação aos benzodiazepínicos dentre os sintomas de abstinência,
principalmente os ditos “agudos,” ou seja, aqueles que surgem alguns dias, ou
até semanas após a suspensão da medicação, podemos citar: Insônia; sintomas
ansiosos; inquietação psicomotora; náuseas ou vômitos; problemas de concentração
e memória; zumbidos; sintomas depressivos; tontura ou vertigem; sensação de
formigamento (parestesias) dos membros inferiores e/ou superiores; convulsões.
O uso de antidepressivos
não costuma ser para o resto da vida, mas a decisão por interromper o
tratamento cabe apenas ao médico. A depressão e a ansiedade são doenças como
qualquer outra e, dessa forma, precisam de cuidados específicos. E para que o
tratamento seja bem sucedido, principalmente em casos médios e graves, é
preciso aliar a medicação à psicoterapia.
As medicações benzodiazepínicas são ferramentas
importantes para o manejo de várias condições médicas. No entanto, o potencial
de indução de quadros de dependência fisiológica após um uso prolongado é
realmente possível. Dessa forma, o seu uso deve ser realizado apenas na
presença de indicação médica precisa e formal, e esse uso deve ser monitorizado
por médico adequadamente treinado.
Existem alguns grupos de pessoas para
quem essas medicações apresentam um risco de uso considerável, dadas as
particularidades de cada grupo. Para esses grupos de pessoas, estas medicações
devem ser evitadas na medida do possível. Claramente, existem situações onde o
uso destas medicações pode ser imperativo, apesar da advertência acima.
Tanto
antidepressivos, ansiolíticos ou antipsicóticos, são medicamentos seguros desde
que prescritos por médicos, e seu uso é importante, quando houver a indicação,
nosso alerta é para não interromper o tratamento sem orientação e autorização
do médico. Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um
médico e não se caracteriza como sendo um atendimento.
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