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ESPIRITUALIDADE E SAÚDE

Nos últimos anos, faculdades de medicina, enfermagem e outras da área de saúde, no mundo inteiro, colocaram em sua grade curricular a disciplina – saúde e espiritualidade. Muitos cientistas estudam a relação entre espiritualidade e recuperação de doenças. Alguns conceitos e definições são necessários para entendermos melhor o assunto. Define-se espiritualidade, como uma dimensão da humanidade, podendo ser expressa por meio de crenças, valores ou práticas, representando a busca do indivíduo por conexão e transcendência, seja através de amigos, família, trabalho, animais, natureza ou qualquer coisa considerada sagrada. Vejam que é um conceito muito amplo e pouco palpável, na verdade é abstrato. Por outro lado, o conceito de religião, parece estar mais enraizado no nosso cotidiano, e pode ser definida como um conjunto de símbolos, dogmas e práticas convenientemente adotadas por uma certa comunidade como forma de expressão de sua vinculação com o que acredita ser sagrado. Sabemos que espiritualidade não é a mesma coisa que religião, ou seja, uma pessoa religiosa é espiritualizada, mas nem sempre alguém espiritualizado precisa ser religioso, ele pode ser espiritualizado sem seguir uma religião. A espiritualidade estaria ligada à busca pessoal de um propósito de vida e de uma transcendência, envolvendo também as relações com a família, a sociedade e o ambiente.

Em relação a saúde, alguns sentimentos como, raiva, rancor, orgulho, medo, egoísmo, que são sentimentos comuns a todos os seres humanos podem estar no cerne de boa parte das doenças enfrentadas pela humanidade, segundo a própria medicina. Várias instituições no Brasil e no mundo vêm se dedicando a estudar até que ponto a saúde do indivíduo é influenciada, literalmente, pelo seu estado de espírito.

Estudos da Sociedade Brasileira de Cardiologia, deram origem a uma publicação das Diretrizes Brasileiras Sobre Espiritualidade e Fatores Psicossociais, que integram o conjunto de prevenção cardiovascular. A Sociedade Brasileira de Cardiologia foi a primeira sociedade de cardiologia do mundo a associar enfermidade moral a doença cardíaca, a partir de evidências científicas. Existem evidências que com intervenções baseadas em perdão e gratidão é possível controlar, por exemplo, a pressão arterial.  O autor e estudioso explica que não um perdão condicional, que mantém o ressentimento, e sim um perdão emocional, que muda o que se sente em relação ao agressor, causando o bem para a saúde.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, 84% da população mundial declara ter alguma religião. No Brasil, o percentual de pessoas que se declara cristã chega a 86,7%. Segundo dados do Censo do IBGE de 2010, 99,7% dos brasileiros declaram acreditar em Deus. A grande maioria da população segue uma religião cristã (87%) e, destes, a religião católica predomina (65%).

Hipócrates (470 A.C – 377 a.C), o “Pai da Medicina” acreditava que deuses e espíritos estariam envolvidos na causa e na cura de enfermidades. Se no passado acreditava-se que as doenças eram originadas da vontade dos deuses, demônios, magia e influência dos astros, com o passar do tempo a ciência vem desvendando suas origens e trazendo grandes avanços nos processos de cura.

Evidências recentes de pesquisas na área de saúde pública têm sugerido uma relação mais íntima entre a vida espiritual de pacientes, o avanço de seus prognósticos e seu bem-estar geral no processo de conviver e superar seus quadros de doença. Por trás dessas pesquisas, métodos derivados do mesmo racionalismo científico são aplicados para entender o que acontece no organismo das pessoas durante essa interação entre o metabolismo cerebral, as crenças em relação a uma doença e o avanço da doença em si.

Temos que pensar também que o efeito placebo pode estar relacionado a essas evidências de cura, a fé pode gerar um efeito placebo no paciente, o fato de acreditar em algo -  de pensar positivo, pode mudar a vida.

A inclusão do estudo de religiosidade e saúde, não tem cunho de abordagem doutrinária, nem religiosa, apenas de mostrar os benefícios que a espiritualidade traz para a saúde física e mental. O objetivo é abordar com os pacientes valores que transcendam sua vida biológica.

 A relação médico-paciente, hoje em dia está cada vez uma precisando de humanismo, e abordar a espiritualidade nessa relação pode atender em muito os anseios do paciente. O ser humano tem a espiritualidade como algo inerente a ele, como a medicina, enfermagem e outros profissionais de saúde lidam com seres humanos, é coerente fazer um elo entre saúde e espiritualidade. Com certeza compreender a importância das experiências dos pacientes com o tema torna a relação mais próxima e produz efeitos na evolução do tratamento médico. Não importa se o profissional acredita ou não, se é da mesma religião que o paciente ou não, mas importa que entenda o que o tema significa para o doente. A doença pode até não ter cura, mas o paciente pode ter, conseguem compreender?


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