A ARTE DE
ENVELHECER BEM
Situações
adversas e situações favoráveis fazem parte da vida das pessoas. A maioria
delas interiorizam, com mais facilidade, as situações adversas do que as
favoráveis, e o fazem de tal maneira que as consequências se prolongam pelo
resto da vida. As situações adversas, quando não enfrentadas adequadamente,
podem levar a ansiedade e a depressão que, por sua vez, podem desencadear
outros tipos de doenças, incluídas aquelas do tipo crônico degenerativas, que
são o foco desse texto.
Uma
pessoa com uma doença crônica pode sofrer com mudanças forçadas em seus
projetos de vida, principalmente quando se trata de uma pessoa idosa. Pessoas
com esse tipo de doença são forçadas a manter um controle rigoroso em seu
estilo de vida, além de serem sempre obrigadas a estarem atentas com sintomas e
sinais, que se não forem controlados, podem desencadear situações mais graves e
até morte. Como exemplo disso, podemos citar a Diabetes Mellitus que é a
principal causa da cegueira adquirida, metade das pessoas diabéticas apresenta
hipertensão e são acometidas por infecções renais.
Pensando
sobre as dificuldades que a pessoa acometida por uma doença crônica vivencia,
como também o elevado número de pessoas que procuram, repetidas vezes, para
tratar dos mesmos sintomas, podemos dizer que o modelo atual do nosso sistema
de saúde está centrado no tratamento de casos agudos, e pouco responde as
condições crônicas.
Pessoas
nessas condições precisam de um apoio que vá além das intervenções
tradicionais, mesmo porque a maioria delas atingiram os 60 anos ou mais, e
encontram dificuldades em enfrentar os sintomas da doença crônica, somados aos
outros fatores que surgem com o avanço da idade.
Assim
sendo, se faz necessário um novo modelo de saúde para as condições crônicas,
que envolva uma parceria harmoniosa entre pacientes e familiares, equipes de
assistência à saúde e instituições de apoio da comunidade, para que os
pacientes participem ativamente no tratamento e prevenção das condições
crônicas e seus sintomas.
Geralmente,
pensam que velhice é sinal de doença e é muito comum, na nossa atuação
profissional, as pessoas desencadearem a expressão “eu tenho tudo, pressão
alta, diabetes, colesterol, essas coisas da velhice” quando na verdade, essas
crenças influenciam negativamente nas emoções e na totalidade do corpo. Podemos
falar que não são só as articulações que doem, a pressão alta que incomoda, mas
é a totalidade de uma existência que se acumula em processos que fazem sofrer,
revelando as imagens mentais negativas que influenciam na doença crônica.
É
errado pensar que a ideologia de um envelhecimento bem sucedido dependa
exclusivamente do indivíduo. Ela está também associada a fatores externos que
influenciaram a vida desta pessoa até a chegada da terceira idade, falamos das
oportunidades de usufruir de uma boa educação, urbanização, habitação, acesso a
serviços de saúde, alimentação saudável
e trabalho digno durante todo o curso da vida.
Precisamos
criar uma relação recompensatória também nas relações familiares quando
pensarmos em perdas e ganhos. A saída dos filhos e parentes próximos de casa
não pode ser um abandono, é preciso o imprescindível envolvimento destes no
processo de tratamento e das ações de saúde para os idosos crônicos.
O
doente crônico, como todo ser humano, necessita de reconhecimento, de ser
ouvido nas alegrias e nos infortúnios. Sabemos que o maior medo dos idosos é o
isolamento e nós profissionais de saúde temos que compreender que há casos em
que o tratamento não depende somente dos medicamentos e sim de um espaço para
ouvir o cliente.
O
idoso e principalmente o idoso portador de doenças crônicas, precisa perder a
resistência e aceitar a passagem de uma fase da vida a outra sem rejeitar o
processo de envelhecimento e aceitar as condições de saúde. Não deve se deixar
levar pela negação dos problemas para não rejeitar o tratamento e obter sucesso
e prazer em viver em plenitude a maravilhosa oportunidade que lhe foi concedida
de poder envelhecer.
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